Problemas no trabalho no pessoal. Quem não tem? Mas dessa vez era diferente. O que atendeu o telefone começou a sentir....um nada.Não poderia ajudar o amigo com um abraço, não poderia lhe dar uma palavra de conforto nada. Não sabia o que dizer.
A ligação cai. Se sente aliviado pois aqueles instantes pareciam ter sido uma eternidade. O que fazer? O que falar? como ajudar? Sempre com pensamentos rápidos e uma resposta na ponta da língua, desta vez se sentiu desarmado. O telefone toca outra vez. Respira fundo para atender. Ainda não sabe ao certo o que vai falar e se vai falar. Como é ruim quando alguém precisa de você e você nada pode fazer. A angústia torna a tomar conta de sua mente embaralhando seus pensamentos.
E agora? Como agir? Sempre se considerou o cérebro, o racional, mas agora sentia-se tomado pelas dores do outro.
Queria estar perto, queria poder...mas não pode.
Nao pode pelo maldito capitalismo, não pode porque não pode.
Tudo se opõe a ele. Enquanto ouve o amigo. tenta pensar mas não consegue. Se amaldiçoa por ter que ficar medindo palavras e não poder falar tudo o que quer.
A vida prega peças na gente.
Se lembra de Deus. Pede para o amigo se apegar a ele. Foi tudo o que conseguiu falar. Desligou-se o telefone.
O que antes era só pensamento, se concretizou em lágrimas: Não pôde fazer nada. Inútil, covarde, era assim que se sentia.
Temia pelo amigo que longe deveria estar na cama agarrado aos próprios travesseiros para se sentir menos sozinho.
Foi dormir mas não conseguiu. Pensou em quebrar barreiras mas... havia muita coisa em jogo.